por Manuriel Dandarga
Edonguera, em contraste com o mundo exterior, destaca-se pela notável ausência de carreiras e partidos políticos e toda a parafernália burocrática dos governos. Neste texto, exploraremos as razões por trás dos valores edonguerianos em relação à governança e a política existentes no mundo exterior. Em Edonguera, as tradições e instituições sociais garantem a liberdade, a autonomia e a prosperidade de todos os habitantes, sejam eles nativos ou imigrantes.
Para os intelectuais edonguerianos, os fatos são evidentes: temos uma visão de liberdade e autonomia, que decorrem de valores naturais. Nós reconhecemos, pelos nossos estudos, que os governos do mundo exterior são obsoletos. No entanto, a imaginação das pessoas comuns por lá está limitada pelo mito do Estado. Já em Edonguera, a única autoridade é Deus, que cada um busca por sua própria maneira, em total liberdade.
As estruturas de poder dos governos do mundo externo, repletas de burocracia sem sentido, são correntes que buscam o controle da população. Por mais que muitos intelectuais do mundo externo, cada um à sua maneira, tenham analisado essas estruturas e demonstrado sua inutilidade, a propaganda incessante impede que isso se torne conhecimento para as pessoas.
Obra de Fyorden Lagusi: ‘As Redes de Poder no Mundo Externo’ (1945)
Como não existe burocracia nem governo em Edonguera, não há impostos. A própria idéia do imposto é impensável, pois ninguém aqui deseja o que pertence aos outros. Sem a interferência de governos e estruturas hierárquicas, a cultura flui livremente. No lugar da burocracia, o povo de Edonguera pesquisa, explora, estuda e sustenta a vida de todos com suas contribuições. Edonguerianos exploram coleções extensas de documentos históricos, literatura e música.
Eruditos de Edonguera no século XVI analisando sistemas de governo.
A política convencional do mundo exterior é vista como um teatro de controle social, enraizado com mentiras em mentes desprevenidas e gerenciado por fantoches embriagados pelo poder. O sistema do mundo exterior é percebido como uma estrutura que protege políticos, que não assumem a responsabilidade por suas ações. Esse modelo é completamente incompatível com a realidade que desfrutamos em Edonguera, onde a autonomia pessoal e a liberdade são invioláveis. Para nós, política e liberdade são opostos que nunca se atraem nem atrairão.
A Rejeição de Estruturas Políticas Convencionais
Em seus estudos das estruturas de poder, eruditos edonguerianos examinaram minuciosamente os sistemas governamentais que surgiram ao longo da história do mundo exterior. A evidência sempre demostrou que nenhum governo jamais gerou a liberdade ou a autonomia para todos. No entanto, todo governo depende da propaganda para convencer as pessoas que há uma função para o Estado. Assim, as pessoas acreditam que é por causa das conquistas dos governos que elas conseguiram alguma liberdade para si.
O mito do direito ao voto, conquistado com muitos sacrifícios, por exemplo, é uma maneira de convencer o povo a participar de um ritual que reforça o poder do Estado através de uma ilusão de escolha. Isso ajuda a manter o poder estatal, pois o crente, que é rotulado como cidadão como se isso denotasse algo avançado, está convencido de que se não fosse pelo governo, o caos completo prevaleceria. Esse mito funciona como uma jaula, que dilui o poder criativo natural de todos os seres humanos. Com ele, muitas pessoas se convencem de que não são capazes de ideias originais. Assim, a autoridade de figuras duvidosas é mantida como um véu de ilusões.
A liberdade e a autonomia completas, como existem em Edonguera e existiram em culturas indígenas no passado remoto do mundo exterior, nunca existirão como consequência de estruturas coloniais autoritárias. Para os poucos que se beneficiam com os sistemas do mundo exterior, que são muito parecidos, existe a ilusão de liberdade e autonomia, pois ignoram completamente o sofrimento daqueles que o sistema não beneficia. Essa cegueira ajuda o sistema a se manter, explorando muitos e beneficiando poucos.
Através dos séculos, os eruditos de Edonguera vêm estudando meticulosamente os vários sistemas de governo do mundo externo. Eles determinaram que as suas instituições governamentais limitam a criatividade das pessoas e evitam que elas se tornem autônomas e prósperas. Vários argumentos que lidam com as falsidades, que se espalham por intermédio da mitologia estatal foram desenvolvidos detalhadamente em Edonguera. No entanto, os fatos que inspiram tais interpretações e análises são os mesmos.
Em primeiro lugar, a base conceitual de todos os sistemas políticos e governamentais do mundo exterior é formada por estórias, mitologias e ficções. São artimanhas que convencem as pessoas a acreditarem no Estado e a idolatrar seus vários heróis e fantoches fictícios.
Obra de Gália Xarini, “Círculos Nutritivos” (1955).
Usando da propaganda e da falsidade, o Estado força as pessoas a tomarem parte em seus projetos de controle. As pessoas que crescem com uma educação convencional no mundo exterior, não possuem a base de conhecimento necessária para transcender as redes de controle estatal que as cerca por todos os lados. Aquelas que tentam driblar o Estado e os seus sistemas de controle burocrático raramente se dão bem. A maioria, sem saída, participa para sobreviver.
Em Edonguera, valorizamos e cuidamos de tudo aquilo que sustenta a vida no mundo, desde a água e o ar até as algas e as pequenas criaturas microscópicas do mar. Em contraste, a burocracia do Estado não vale nada; é uma coisa morta e vazia, que consome o tempo e a vida das pessoas. Algumas práticas comuns que surgem naturalmente dos nossos valores e do sustento da vida incluem, por exemplo: o auxílio mútuo, a manutenção da abundância, a construção coletiva, a música e a dança, a culinária, a conversa sincera, o compartilhar e o contar de casos, o conhecimento de todas as variedades de plantas e suas propriedades nutricionais.
Entre as atividades tradicionais mais importantes de Edonguera estão o planejamento e a realização de expedições ao mundo exterior. O propósito é ajudar a elevar a consciência das pessoas que vivem lá e ajudá-las a enxergar além dos mitos que controlam suas vidas. Quando as muitas camadas de ficções estatais que obscurecem suas mentes forem removidas, acreditamos que as pessoas vão focar naturalmente no que tem valor real: Deus, suas criaturas e o mundo que nos cerca.
Nós, edonguerianos, acreditamos em ensinar pelo exemplo, pois aprendemos assim. Nossa maneira de ser prova que todos podem viver sem a opressão de um aparato burocrático estatal e as suas imposições, como o seu sistema financeiro e a invenção, a produção, a propagação e o consumo de produtos inúteis.
Liberdade, Autonomia e Abundância
A ausência de governo central não é sinônimo de anarquia. Essa idéia é um outro mito comum no mundo exterior, onde se busca promover a existência do Estado. Em Edonguera as coisas são muito mais simples, pois prezamos com total dedicação a autonomia pessoal, a coexistência pacífica e a abundância para todos. Aderimos sem muito esforço à esses princípios, que vêm orientando a nossa sociedade desde tempos imemoriais.
Há milênios, seguimos agindo como guardiões da natureza que nos sustenta. Isso nos parece óbvio. Assim, construímos habitações inspiradas tanto pelo mundo natural quanto pelo mundo dos sonhos. Além disso, cultivamos uma diversidade enorme de alimentos e desenvolvemos, sem inibições ou medos, diversas artes e práticas para o crescimento espiritual.
A paisagem edongueriana está repleta de jardins comestíveis, garantindo que haja comida de sobra para todos. A construção criativa de habitações é uma paixão compartilhada e o conhecimento sobre a construção é uma habilidade universal em Edonguera. Como resultado, existem mais casas do que o necessário para toda a população, tornando a moradia uma questão natural e que não gera preocupação.
Uma Sociedade Aberta e Generosa
Em Edonguera, é possível caminhar livremente em qualquer direção e encontrar tanto alojamento quanto comida ao longo do caminho. Isso é fruto de uma antiga tradição: o desenvolvimento de chácaras auto-suficientes, que são criadas em todos os lugares.
A generosidade e a hospitalidade são bases fundamentais da nossa formação. Só testemunhamos a pobreza no mundo exterior. Estamos cientes de que, graças a total e completa ausência de políticos e governos em Edonguera, nossa sociedade floresce sem impedimentos.
A cosmovisão edongueriana oferece lições valiosas para o mundo exterior. Sabemos que a liberdade, a autonomia e a cooperação harmonizada gera a abundância. Enquanto o mundo externo luta com conflitos inúteis e sistemas políticos complicados, Edonguera é um farol de esperança, mostrando que a simplicidade, a generosidade e a ausência de políticos são os pilares de uma sociedade próspera.