Há alguns anos, Makulelu e seu grupo, incluindo seus pais, sua mulher Inassim, seu amigo Umbaba e seu filho Tassanibari, partiram em uma jornada espiritual pelo Egito. Eles se uniram a missionários edonguerianos em uma viagem que tinha como destino a Península do Sinai, um passo significativo em sua busca por conexões sagradas.
O ônibus saiu do hotel em Guizé, o deserto se estendendo diante deles enquanto o veículo avançava. O sol aquecia o interior do ônibus, alimentando a empolgação e a expectativa do grupo. Entre conversas e sorrisos, o sentimento de comunhão era inegável.
No entanto, como muitas histórias têm reviravoltas inesperadas, a jornada logo tomou um rumo sombrio. No meio do deserto, o ônibus foi cercado por beduínos armados. Makulelu e seu amigo Umbaba sentiram um arrepio percorrer suas espinhas enquanto os sequestradores abordavam o veículo. As vozes ásperas e os gestos bruscos dos sequestradores rapidamente transformaram a atmosfera pacífica em forte tensão.
“Mãos para cima!”, ordenou um dos sequestradores em árabe, com sua arma apontada para o grupo assustado. O coração de Makulelu batia acelerado, enquanto ele levantava as mãos em obediência. Os membros do grupo trocaram olhares nervosos enquanto eram separados. Makulelu e Umbaba foram levados para um veículo menor, enquanto os demais foram conduzidos a um caminhão.
No interior do veículo, a língua estrangeira e as vozes ásperas dos sequestradores deixaram Makulelu e Umbaba angustiados. Eles tentaram fazer perguntas, buscando entender a situação, mas as respostas eram vagas e evasivas. Umbaba, com seu conhecimento de árabe, tentou estabelecer um diálogo. “Por que estamos sendo levados?”, perguntou em tom incerto.
“Silêncio!”, rosnou um dos sequestradores, olhando furiosamente para Umbaba. O olhar desafiador do sequestrador foi suficiente para calar as tentativas de diálogo. Makulelu sentiu uma onda de frustração e impotência, enquanto o veículo seguia em direção a uma área remota do deserto.
Finalmente, o veículo parou. Makulelu e Umbaba foram guiados para uma gruta rudimentar. A porta foi trancada atrás deles, e o som metálico reverberou como um presságio sombrio. As sombras nas paredes da gruta dançavam. O futuro parecia incerto.
A primeira noite caiu e com ela veio uma sensação de isolamento profundo. Os dois homens compartilharam suas preocupações e medos, buscando conforto um no outro. Umbaba propôs que fizessem uma oração, pedindo proteção e orientação. Makulelu assentiu e os mantras edonguerianos preencheram o espaço com uma aura de esperança.
No dia seguinte, os sequestradores trouxeram pão e chá. Umbaba temeroso, perguntou em árabe o que queriam. Eles exigiam a libertação de um líder preso, utilizando Makulelu e Umbaba como moeda de troca. Umbaba tentou estabelecer um diálogo mais uma vez, buscando entender o motivo por trás da situação: “O que aconteceu com os outros?”, perguntou.
Os sequestradores trocaram olhares tensos e a conversa foi rápida. Umbaba traduziu as palavras para Makulelu: o outro grupo de reféns estava em mãos diferentes, enfrentando uma ameaça mais perigosa. O medo no coração de Makulelu se intensificou; as palavras dos sequestradores ecoaram como um pesadelo.
A medida que a noite caía mais uma vez, Umbaba começou a se conectar com os ancestrais de Edonguera. Sussurrando mantras especiais em sua língua natal, ele envolveu a gruta em uma aura de energia espiritual. As palavras tocavam os corações dos sequestradores, mesmo que eles não entendessem o que estava acontecendo.
Com o passar das horas, uma mudança sutil se fez presente. Os sequestradores começaram a falar entre si em tons mais amenos; a agitação inicial deu lugar a uma atmosfera mais contemplativa. As palavras de Umbaba encontraram um caminho para seus corações, suavizando suas expressões.
No dia seguinte, os sequestradores trouxeram comida e água mais uma vez. A atitude deles agora era menos hostil. Quando sairam, deixaram a porta da gruta entreaberta, oferecendo uma oportunidade de fuga. Umbaba e Makulelu saíram cautelosamente e, espantados, ficaram olhando para o enorme deserto diante deles. A liberdade trazia consigo um fardo de incerteza, pois não tinham para onde ir. Ficaram paralisados diante da gruta.
Logo depois, os sequestradores retornaram. Tinham expressões mais sérias, como se estivessem refletindo sobre suas ações. Eles anunciaram que Makulelu e Umbaba seriam libertados, mas a notícia veio acompanhada de uma verdade sombria. O outro grupo de reféns não teve a mesma sorte: suas vidas haviam sido roubadas por mãos cruéis. Estavam todos mortos!
As palavras finais dos sequestradores ecoaram como um golpe. “Nós somos do bem. Eles são do mal”, declararam, deixando Makulelu e Umbaba atordoados. O retorno à cidade foi um silêncio pesado, a dor da perda pairando sobre eles como uma sombra.
As autoridades foram informadas, e a verdade foi revelada: uma busca espiritual transformada em uma provação cruel. A dor e o luto permeavam o coração de Makulelu e de todos os que haviam testemunhado o período tenebroso. Enquanto o céu noturno se enchia de estrelas, eles se apegavam à esperança de encontrar a luz, mesmo nas sombras mais profundas da existência.