Por Manuriel Dandarga
Na ilha de Edonguera, as línguas e os costumes revelam um rico legado de pluralidade cultural. Neste pequeno artigo, eu faço um resumo dos pontos mais básicos sobre algumas das nossas línguas e costumes essenciais.
A complexidade das línguas edonguerianas é tão vasta quanto a história que as permeia, remetendo a uma mescla de influências trazidas por caravanas e peregrinos que empreendem jornadas pelo mundo exterior. Nesse caldeirão linguístico, as raízes da nossa cultura foram forjadas. No entanto, debates entre intelectuais e linguistas ainda buscam explicar suas origens e os significados de conceitos ancestrais. Levamos em conta as mudanças de significado nos contextos históricos dos nossos conceitos e buscamos sempre resgatar idéias antigas.
A origem das línguas e dialetos edonguerianos permanece enigmática, enredada na tradição das caravanas que cruzam as fronteiras do véu que protege a ilha. Essas caravanas, portadoras de novos conceitos linguísticos de terras distantes, moldaram as línguas edonguerianas ao longo dos tempos.
A diversidade reflete a geografia da ilha, onde se desenvolveram distintos dialetos. O Lengalês, oriundo da região de Lengália, e o Xarilês, desenvolvido pelos Xarilaus retornados e peregrinos da Xarilaia, são os nossos dialetos mais antigos.
Os fundamentos da linguagem edongueriana estão entrelaçados com a mitologia da criação do mundo e a formação dos conceitos ancestrais, proporcionando uma ligação íntima entre a linguagem e a cosmovisão edongueriana. Os fonemas que formam as inflexões gramaticais do edongueriano comum estão ligados aos avatares da natureza que se manifestam periodicamente para os nossos habitantes. As palavras usadas em rituais musicais, por exemplo, remontam ao nosso passado imemorial dos épicos das nossas tradições orais. Muitas fórmulas, danças e cantos foram desenvolvidos para nos conectar com os fenômenos vivos da natureza, entrando assim, conscientemente, no mundo dos sonhos. Muitos conceitos também fluem de lá para o nosso mundo.
A cultura edongueriana está sendo sempre moldada pela antiga tradição de caravanas que se aventuram pelo mundo exterior. As estações edonguerianas estabelecidas em várias localidades do mundo exterior contribuem para o fortalecimento da nossa cultura pelo contato intercultural. A partir dessas estações, peregrinos edonguerianos ajudam a disseminar os nossos valores com missões e ações improvisadas que buscam a melhora das condições de vida dos menos privilegiados do mundo externo.
Como estudiosos e admiradores das artes e filosofias benéficas do mundo exterior, nossos viajores buscam inspirar as pessoas que acreditamos ter o poder de ajudar as demais pessoas no mundo externo, onde os sistemas de controle restringem a liberdade, prevenindo o advento da era da abundância. Muitos edonguerianos se aventuram no mundo com missões de auxílio, registrando suas experiências na Biblioteca de Inavô, um tesouro de relatos que enriquece nossa cultura. Assim, nutrimos nossas almas com novas experiências e conhecimentos com o intuito de poder ajudar melhor.
Os Arquivos de Edonguera, aberto para todos e sem restrições ou segredos, preservam tanto a nossa cultura quanto todas as línguas conhecidas no mundo exterior. Por causa dessa abertura ao conhecimento e do ímpeto natural para crescer e ajudar a melhorar as condições além do véu, muitos edonguerianos falam várias línguas e dialetos fluentemente. Essa fluência linguística é comum e reflete a interação contínua com diferentes culturas e idiomas através das caravanas e missões. Cada edongueriano fala, em média, três ou quatro línguas, além de estar familiarizado com os dialetos de outras regiões da ilha.
As línguas e costumes de Edonguera refletem as relações profundas entre a ilha e o mundo exterior. Isso tudo nos inspira cautela em proferir generalizações abrangentes. De fato, quanto mais conhecemos uma pessoa mais particular se parece a sua visão e trajetória, por mais que suas ações estejam afinadas com os valores que compartilhamos. Em Edonguera a linguagem não é apenas um meio de comunicação, mas serve de portal para que compreendamos as nuances do mundo além do véu.